Pages

segunda-feira, 11 de julho de 2011

LITERATURA POLICIAL, SIM, E DAÍ?


Entrevista com a escritora de livros policiais Nádia São Paulo:

DLL: Fale um pouco da sua formação de leitora. O que você leu de mais marcante e que veio a ajudá-la como escritora?
NSP: Leio de tudo um pouco, mas a minha paixão, mesmo, são os clássicos de suspense policial, escritos por Edgar Allan Poe, Arthur Conan Doyle e Agatha Christie, por quem sou literariamente influenciada. O caso dos dez negrinhos foi o primeiro livro que li na minha vida. Tinha onze anos de idade na época e, de lá para cá, nunca mais deixei de ler e reler Agatha Christie. Em 2007, quando terminei de ler sua autobiografia, chorei de emoção. Foi como se a tivesse conhecido pessoalmente. Como se ela tivesse dividido comigo todos os seus anseios, dificuldades e paixões. A magia dessa leitura foi tão arrebatadora para mim, que, naquele momento, decidi que também queria ser uma romancista policial.

DLL: Você pretende formular um detetive fixo, como na tradição policial: Sherlock Holmes, Poirot, Maigret?
NSP: Já formulei. Nos meus livros “Morte no litoral” (Novo Século, 2009), “Assassinato no baile de debutantes” (Multifoco, no prelo) e “O segredo da coruja” (sem previsão de lançamento), criei o Inspetor Xavier. É um detetive inspirado num inspetor do Banco Bandeirantes, onde trabalhei por mais de dez anos. O Xavier do Banco Bandeirantes tem a aparência e comportamento exatamente como descrevo nas minhas histórias. Um homem na casa dos cinquenta anos, moreno, alto, bigode bem cuidado, paletó cinza sobre os ombros, de fala e andar mansos, que fazia perguntas despretensiosas, mas, na verdade, era um homem extremamente observador, astuto e cauteloso como um felino. Já no romance “O mistério da casa na praia” (Novo Século, no prelo), fiz de Elizabeth, uma dona de casa com grandes aptidões artísticas, a minha detetive.

DLL: Você não tem receio daquele público que diminui a literatura policial no Brasil?
NSP: Não. Não tenho receio, porque acho que existe publico para tudo e, principalmente, porque também sei que nada, nem ninguém, consegue agradar a todos. Assim como na literatura, a música, o teatro, o cinema e várias outras formas de expressão cultural também se deparam com o mesmo problema. Eu tenho plena consciência de que a literatura policial no Brasil sofre um pouco de discriminação, por não ser uma literatura que agrade aos que se dizem intelectuais. Mas é este tipo de literatura que me agrada, que me encanta e me faz vibrar, como escritora e, principalmente, como leitora. Eu escrevo com paixão. Escrevo o que gostaria de ler. Jamais faria uma literatura para parecer uma pessoa que não sou, ou porque aquele estilo literário está na moda ou venderia mais... Acho que quando você faz o que gosta, de corpo e alma, independente das tendências ou outros interesses, tudo se torna mais fácil, inclusive o sucesso.

DLL: Por que Nádia São Paulo leria Nádia São Paulo?
NSP: Porque a leitora Nádia São Paulo ama a literatura policial desenvolvida a partir de um ou mais crimes, seguida de uma minuciosa investigação feita por um policial, uma dona de casa ou um adolescente, enfim, alguém que encontrará várias pistas pela frente, mas que terá que usar toda sua perspicácia, intuição e poder de observação para distinguir as pistas falsas das verdadeiras, chegando de forma coerente à solução do referido crime. Um tipo de literatura que é escrita com simplicidade, leveza e inteligência, que nos envolve de tal forma, que nos faz esquecer que estamos vendo um amontoado de palavras escritas num pedaço de papel para nos dar a grata impressão de estarmos assistindo a um filme. É exatamente esta a literatura policial escrita pela autora Nádia São Paulo, que, além de seguir a receita dos clássicos romances policiais, também tem como fonte de inspiração as alegrias e dissabores de pessoas e situações tipicamente brasileiras.

3 comentários:

  1. Excelente entrevista de uma grande escritora.
    Estamos precisando de mais autores assim,no Brasil. Parabéns! bjs

    ResponderExcluir
  2. Parabéns, Nádia!
    Realmente estamos precisando de mais escritores aqui no Brasil, que acredite no que escreve e ame escrever.
    Eu particularmente fico muito feliz, por nós brasileiros que ganhamos mais uma escritora; nesse mundo tão virtual.
    Amei a entrevista, você conseguiu fazer com que as pessoas tivessem a vontade de ler imediatamente os seus livros!
    Felicidades!!!
    Beijos

    Sirlene São Paulo

    ResponderExcluir