Gabriel, o "Pensador": dono do cachê polêmico (Ana Nascimento/ABr) |
O poeta e frasista gaúcho Fabrício Carpinejar criou um fato cultural mais relevante e atual do que a polêmica entre Caetano Veloso e Roberto Schwarz ao cancelar ontem, por meio de uma carta aberta, sua participação na Feira do Livro de Bento Gonçalves (RS). Motivo: a organização do evento acertou um cachê de R$ 170 mil com o rapper e autor de literatura infantil Gabriel o Pensador, depois de, alegando limitações orçamentárias, fechar com Carpinejar e outros escritores um pagamento de apenas R$ 1 mil.A questão é relevante porque acende um raro holofote numa zona de fronteira típica do ambiente literário dos últimos anos: aquela em que os velhos valores cabeçudos, introspectivos e desprovidos de vintém da leitura se cruzam com os da sociedade do espetáculo, essa senhora rica, espalhafatosa e desmiolada. Uma espécie de metáfora coletiva do casamento de Arthur Miller e Marylin Monroe.A tentativa de transformar escritores em atores e livros em objetos cênicos da grande peça que hoje se encena mundo afora, chamada “Celebridades”, tem promovido a proliferação de feiras e “festas literárias” pelo país, na esteira do sucesso da Flip. Isso faz de escritores viajantes contumazes e lhes proporciona uma bem-vinda fonte alternativa de renda. O que é bom, mas esbarra em alguns limites.Escritores, com raríssimas exceções, fazem uma figura pobre como astros pop. Mesmo quando desenvolvem um estilo performático, ebuliente ou histriônico de se apresentar no palco – e o próprio Carpinejar é um dos que se inclinam por esse caminho – costumam perder para qualquer cantor indie do YouTube. Isso não significa que a literatura esteja fadada à derrota, apenas que ela exige ser avaliada por outros critérios. Não é o que vem ocorrendo.Em nome do “incentivo à leitura”, promotores de cultura de diversos escalões têm optado por lotar auditórios de gente semiletrada ao contratar um nomão que sirva de isca – é disso que se trata no caso de Bento Gonçalves, embora o tratamento de “nomão” dispensado a Gabriel o Pensador cause estranheza. A suposição é que uma pequena parte do público, como migalhas caindo da mesa do banquete, chegará até as atrações menos dotadas de “celebridade”. Muitas destas aceitam o jogo perverso e participam de eventos do gênero sem ganhar um tostão, contentando-se com passagens e hospedagens.É uma regra do liberalismo econômico que cada um tem o direito de cobrar por seus serviços aquilo que toparem pagar. Tudo bem. Mas parece claro que um “incentivo à leitura” muito mais sério e eficaz – além de mais barato – seria promover a visita de escritores a salas de aula, por exemplo, combinada com programas de leitura e discussão. O problema é que isso não sai no jornal nem se encaixa na trama de “Celebridades”, aquela peça global.O caso Bento Gonçalves é uma boa oportunidade de abrir a discussão sobre essas questões. O jornal gaúcho “Zero Hora” vem acompanhando o caso.
Sérgio Rodrigues, do site TodoProsa
A crítica de Roberto Schwars perde valor diante do seu robusto filtro ideológico. É fácil perceber sua fixação por Marx: em sua obra, garimpar chavões comuns da dialética comunista é farefa de amador. Julga ser um justiceiro que está do lado dos anjos, mas só vê o comunismo como salvação desse injusto mundo. Qualquer outro modo de pensar é herético, pois contraria a verdade dos porcos de George Orwel. Sou mais o cultural tropicalismo e a Globo.
ResponderExcluirQUE PAPO TORTO GENTE BOA. TÔ INDO NOUTRA DIREÇÃO GENTE BONITA, ME PERDOE A PRESSA...
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